• Para aproveitar as temperaturas amenas desse ensolarado domingo de inverno, decidi suspender minha hibernação e conhecer, enfim, o Museu Unterlinden em Colmar. Depois de dois anos de obras de modernização, esse museu foi reaberto ao público em 2016, com a presença do então presidente François Hollande. Museu Unterlinden em Colmar

    O espetáculo começa no próprio espaço que abriga o museu, instalado na igreja do antigo convento dominicano de Unterlinden. Foi realmente uma surpresa! Edificado em 1232, esse patrimônio da arquitetura gótica é considerado a construção fundadora que influenciou toda a arquitetura do Reno superior naquele período. Apesar de conservar principalmente suas características medievais, ele sofreu diversas modificações no curso de sua história, recebendo também uma grande influência renascentista. Em consequência da Revolução, as freiras abandonaram o local, que ficou abandonado desde 1790, quando começou a ser usado como caserna militar. O edifício assume sua vocação atual  tornando-se museu em 1849 e abre suas portas ao público pela primeira vez no dia 3 de abril de 1853 com uma modesta coleção de pinturas, gravuras, moldes de gesso desde a Idade Média. 

    Museu Unterlinden em ColmarO museu conta hoje com uma coleção composta de material arqueológico recebido de escavações efetuadas na região, um impressionante acervo de pinturas sacras, e obras doadas por colecionadores que incluem artistas como Picasso, Renoir e Dubuffet. Os dois quadros de Picasso, que considero um dos artistas mais geniais de todos os tempos, dão um charme particular à visita, e o imenso tapete que reproduz, com a autorização do pintor, seu polêmico e deslumbrante Guernica, acrescenta a cereja no bolo

    Apesar da nobre presença desses ilustres representantes da arte moderna, a estrela das coleções é a Alsácia, sua história, sua cultura, sua arte. Os objetos expostos são classificados por períodos cronologicamente ordenados, e vão desde artefatos do neolítico a obras contemporâneas, incluindo o Retábulo de Issenheim, considerado um dos mais célebres retábulos do mundo. Artistas alsacianos e alemães são majoritariamente representados. Dentre esses, a obra que mais me marcou foi a do artista Otto Dix, cuja história pessoal é representativa da história local: tendo sido obrigado a se alistar na Volkssturm em 1945 como muitos alsacianos e moselenses, conhecidos como os malgré-nous (apesar de nós), esse artista foi preso pelos aliados e internado na casa de retenção de Logelbach até 1946. Tendo sido reconhecido por um de seus algozes como o artista que era, ele beneficiou de um tratamento especial que o permitiu pintar nas redondezas da casa de retenção. É a pintura feita nesse período que se encontra exposta no museu Unterlinden, dura, cruel e expressiva, e que me fizeram pensar em O Grito de Munch. 

    A coleção exposta não é imensa, mas é culturalmente rica e revela a alma alsaciana. O museu dispõe de um restaurante onde um café com um docinho podem ser degustados no terraço situado no pátio interno, onde mesas são instaladas a partir do mês de abril (se a meteorologia assim o permitir), protegidos do sol pelas sombras das macieiras. 

    A entrada custa 13 euros, jovens de 12 a 17 anos pagam 8 euros, crianças com menos de 12 anos não pagam nada e se você entrar faltando uma hora para o fechamento do museu, a entrada custa 6,50.

    Para informações práticas: Museu Unterlinden  


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