• Para começar

    Para começarQuando cheguei na região há um pouco mais de sete anos, estava vindo diretamente da Coreia do Sul, onde havia morado por dois anos e meio. Poucos lugares apresentariam características tão opostas a cidade onde eu vivia quanto a Alsácia. Tendo deixado para trás Busan, uma megalópole com seus imensos arranha-céus decorados de letreiros luminosos que não param de piscar, engarrafamentos monstruosos e uma concentração populacional facilmente perceptível, a tranquilidade e a beleza florida de Colmar, onde nos instalamos em um primeiro momento, emocionaram. E essa atmosfera calma e pacífica domina toda a região, mesmo as grandes cidades como Estrasburgo e Mulhouse.

    A Alsácia é a menor região da França composta de apenas dois departamentos, o Bas-Rhin ao norte e o Haut-Rhin ao sul (hoje ela integra a região Alsácia-Lorraine-Champagne). Parece paradoxal que “Baixo Reno” encontre-se no norte e o “Alto Reno” no sul, mas essa denominação refere-se à nascente do Rio Reno que marca a fronteira com a Alemanha ao norte e com a Suiça ao sul. O encontro desses três países convergem-se na região chamada de As Três Fronteiras.

    É uma região essencialmente agrícola, principalmente a região chamada de Sundgau no extremo sul alsaciano, onde extensos campos de milho, de trigo e as vinhas alternam-se com pequenas cidades medievais, a maioria delas lindíssimas, com suas coloridas casas de enxaimel, azuis, verdes, vermelhas e amarelas e lilás, ornadas de gerânio e flores do campo. O turismo também ocupa um lugar de destaque na economia alsaciana, principalmente para as dezoito cidades que compõem a rota dos vinhos que começa em Thann, ao sul e termina em Marlenheim, ao norte, e que inclui Colmar, Riquewhir entre outras pequenas jóias. Cada uma dessas cidades possui características próprias, apesar de terem, todas, um charme comum: parecem ter parado no tempo com suas casas medievais, suas ruelas de paralelepípedo e um perfume quase permanente de biscoitos saindo do forno.

    A Alsácia possui uma forte identidade regional, com uma cultura própria que inclui uma língua, o alsaciano, e uma história particulares, distintas, ao ponto de referirem-se aos franceses do resto da França como “franceses do interior”.

    É uma região tradicionalista, a única região francesa onde o regime de concordata ainda está emPara começar vigor, ou seja, a separação entre a Igreja e o Estado, bem marcada no resto da França onde a laicidade é o pilar da identidade política do país, foi incompleta aqui. Consequentemente, o ano é pontuado de festas, essencialmente católicas, cada uma marcada por rituais específicos, que encontram seu ponto culminante no período de Natal cujos mercados, conhecidos até no Japão, terão um editorial no momento oportuno. 

    A cozinha alsaciana cristaliza esse hibridismo cultural franco-germânico com suas deliciosas linguiças e presuntos defumados que coabitam com doces finos cuja mise en scène digna de uma natureza morta impressionista é uma tentação permanente. Ela também merecerá um texto à parte.

    Tenho muito o que contar, o mais difícil será decidir por onde começar...


  • Commentaires

    1
    Regina
    Lundi 17 Avril 2017 à 12:03

    Muito bem descrita a Alsacia! Realmente é tudo encantador. Beijos

      • Lundi 17 Avril 2017 à 13:33

        Obrigada, Regina! Nossa região. Ela vai nos envolvendo pouco a pouco. Beijo

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